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CASA FERNANDO PESSOA
Lisboa, 25 de novembro de 2021

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    etornamos à Casa Fernando Pessoa cinco anos depois da primeira visita - quando encontrei nosso avô no grande painel de abertura da exposição Nós os de Orpheu, seu retrato, biografia e as poesias publicadas na célebre revista do poeta português.

A viagem a Portugal, muitas vezes adiada em face da pandemia, finalmente aconteceu. Chegamos em Lisboa justamente na semana em que se comemorava o aniversário da Casa. Carregava na bagagem os livros publicados no projeto Eduardo Guimaraens por suas netas e netos, iniciado em 2018.

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     Entrei em contato com a direção da Casa, que imediatamente marcou a data para receber, neste dia 25 de novembro. Nosso objetivo era entregar à Biblioteca da Casa os livros Poemas (1923-2018), As Flores do mal, de Baudelaire. Selecção de Poemas (1927-2020), Ouvindo as Scenas infantis de Schumann (1917-2020) e Dante-Canto Quinto. Edição ampliada (1920-2021). Fomos recebidos pela Bibliotecária Teresa Monteiro responsável pelo acervo que, a partir de agora, conta com obras de Eduardo.

Mas além de receber os livros com distinção, a direção da Casa, salientando a qualidade editorial, elogiou muito o nosso site, o trabalho que vimos desenvolvendo e fez questão de nos conduzir numa visita especialmente guiada. A Casa, desde 2016 foi modificada. A exposição permanente é maravilhosa. Lá estão os heterônimos e a sua vastíssima obra. A diretora da Biblioteca salientou que além dos heterônimos conhecidos (Alberto Caiero, Álvaro de Campos,
Ricardo Reis e Bernardo Soares – este, mais do que um heterônimo), identificou-se mais de 80 nomes usados por Fernando Pessoa.

Exposição Casa Fernando Pessoa

A exposição é interativa. Entramos no seu gabinete e no seu quarto, ouvimos o som de sua máquina de escrever. Lá estão os manuscritos e originais, a cômoda onde escrevia. E mais, a entrevista com a sobrinha de Fernando Pessoa, Manoela Nogueira (gravada em 26/5/2016, na própria casa), nos conduz pelos cômodos por onde o Poeta caminhava, escrevia, onde viveu seus últimos 15 anos de vida. O apartamento, neste prédio que hoje é a Casa Fernando Pessoa, foi o único imóvel que ele adquiriu.

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Revista Orpheu, é claro, tem lugar de destaque e Manoela salienta que, na época, Fernando Pessoa e seus companheiros eram tratados como “os loucos da Orpheu”. E Eduardo era um deles: lá está no índice e nas páginas da Orpheu 2 com a sua poesia – Sobre o Cysne de Stéphane Mallarmé, Folhas Mortas e Sob os teus olhos sem lágrimas.

Revista Orpheu

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     Aos poucos vamos descobrindo a dimensão dos laços entre os dois poetas, separados por um oceano, o Brasileiro e o Português: Dante. No ano que publicamos a edição ampliada da tradução do Canto Quinto, do Inferno, a Casa dedica uma sala ao Poeta Florentino com a exposição de marionetes dos personagens da Divina Comédia! Uma curiosidade, os exemplares da obra de Dante foram adquiridos por Fernando (La Divina Commedia) e Eduardo (La Vita Nuova) na mesma época (1911) e da mesma editora de Milão: Ulrico Hoepli, Editore- Libraio dela Casa Real Milano.
     A exposição termina com a sua última frase: I know not what tomorrow will bring. Fernando Pessoa em sua última frase traduz toda a nossa ansiedade, o mistério da vida e da morte.
Mas as coincidências não param. Após à visita, fomos convidados para a Aula de Poesia Mundial, neste dia, sobre Radindranath Tagore, por Barthomew Ryan! O Poeta Português e o Brasileiro uniam-se na admiração pelo Poeta Indiano. Desde 1916 Fernando lia Tagore, porém o exemplar que possuía era em francês. Em 1925, Eduardo publicava Poemas escolhidos e adaptados de Rabindranath Tagore. Em conversa após à aula, concluiu que, esta tradução é, provavelmente, a primeira tradução do poeta indiano para o português.

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   Além do acervo da Casa Fernando Pessoa, Eduardo agora também integra o acervo da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, a qual, na faculdade de Letras, dedica cátedra especial aos Estudos Pessoanos, em cujo programa a Revista Orpheu tem lugar de destaque. A visita à Casa nos mostrou, mais uma vez, que o trabalho de pesquisa deve continuar. Que há muito o que estudar e descobrir, imenso desafio que a família de Eduardo, com orgulho e afinco, aceita encarar! 

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